sexta-feira, 29 de junho de 2012

Consumidor trocou cheque especial por consignado em maio, diz BC


Os dados dos novos empréstimos realizados em maio mostram que o consumidor está migrando de modalidades de financiamento com juros mais elevados para categorias com taxas menores, afirmou nesta terça-feira (26) o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, na divulgação de relatório sobre crédito no país em maio.
Em média, os empréstimos do cheque especial (taxa de juros média de 169,5% ao ano) caíram de R$ 1,3 bilhão por dia em abril para R$ 1,2 bilhão por dia no mês passado.
Já os empréstimos do crédito pessoal (taxa de juros média de 41,4% ao ano) cresceram de R$ 804 milhões por dia para R$ 843 milhões, com destaque para o crédito consignado em folha de pagamento.
"Maio foi um mês em que o custo do crédito esteve mais em evidência, o noticiário abordou bastante o tema", disse Maciel. "Os dados sugerem que esse cenário estimulou o consumidor a trocar o crédito mais caro pelo de menor custo, renegociando seus débitos".
INADIMPLÊNCIA
A inadimplência dos consumidores voltou a subir em maio. Os dados do BC mostram que 8% dos empréstimos a pessoas físicas apresentam atraso no pagamento superior a 90 dias, acima dos 7,8% registrados em abril. No caso da inadimplência das empresas, o percentual se manteve em 4,1% no mês passado.
A inadimplência geral (pessoa física e pessoa jurídica) foi de 6% em maio --a maior da história (da série iniciada em junho de 2000). Já a inadimplência a pessoa física é a maior desde maio de 2009.
Os calotes cresceram na categoria financiamento de veículos (de 5,9% para 6,1%), cheque especial (de 10,1% para 11,3%), crédito pessoal (de 5,6% para 5,7%) e aquisição de bens (de 13,5% para 13,9%).
Apesar desse cenário de alta do calote, as taxas de juros cobradas do consumidor continuaram em queda. A taxa média para pessoas físicas no mês passado caiu de 41,8% ao ano para 38,8% ao ano. No caso dos financiamentos para pessoas jurídicas, a queda foi de 26,3% para 25%.
"[A inadimplência] manteve-se no patamar mais elevado da nossa série, influenciado pela inadimplência de pessoa física, em particular veículos. Isso acontece por conta do segundo semestre de 2010. Tivemos naquele período expansão bastante pronunciada, prazo médio dessas operações era de em média quatro anos, e isso ainda repercute na carteira de crédito", ressaltou Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central.
O BC informou ainda que o spread bancário-- que é a diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e a taxa cobrada dos consumidores-- atingiu 24,7 pontos percentuais em maio, ante 26,3 pontos no mês anterior.
Os bancos públicos tiveram sua participação elevada no total de crédito em 0,4 p.p. no mês, atingindo 44,6%. Já a participação das instituições privadas nacionais e estrangeiras recuou 0,2%, situando-se em 38,4% e 17%, respectivamente.
O volume de crédito (por meio de empréstimos e financiamentos) no mês de maio foi de R$ 767 bilhões, com avanço de 1,7%. Segundo relatório do BC, a relação do crédito com o PIB alcançou 50,1%, ante 49,6% em abril último e 45,7% em maio do ano anterior.
"O mercado de crédito em maio evoluiu de forma favorável, em ritmo mais acentuado do que no início do ano. Observamos uma retomada gradual do crédito depois de período de arrefecimento." Para Maciel, o custo do crédito tem influência nessa dinâmica. "Em maio essa queda foi pronunciada. Não víamos quedas mensais dessa ordem desde 2003. Atingimos neste mês o piso das nossas taxas históricas."

Fonte: O Documento

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